Poesias

To 2




Livraria 
   
Engenheiros sabidos
Constróem um lugar
que tijolos subtraídos
fazem sua estrutura
se fortificar.
Como explicar?

Se livra
o livreiro
do livro
que livra
a pessoa
de se entediar.


Cada perda material
um ganho intelectual.
Ajudando o saber
a se galvanizar.

O conhecimento
amplo e vivo
será transmitido
se a fome do cérebro
o leitor saciar.

Lei
do leitor
é,        
no    leito,          ler
      
livro,      
do
latim,               "liber".

Interior do tronco
da árvore Escrita
que ao ficar oco
se realiza.

Caro leitor,
após concluído
não cometa o pecado
de guardar o aprendido
para si, enjaulado.

O saber é passarinho
que até pia no ninho,
mas só tem beleza no canto
ao ver seu som, mundo afora,
compartilhado.

Dois Mundos



Quando deixaram aberta a porta que divide
o mundo literário do real,
aconteceu o surreal!
Milhares de personagens saíram procurando
novidades por todos os cantos.

A cadela Baleia empanturrou-se com a comida desperdiçada nos restaurantes granfinos de Fortaleza.
Um encontro com militantes foi o suficiente para Dorian Gray redefinir seu conceito de beleza.

Robert Langdon decidiu investigar as múmias do Congresso Nacional.
Sofia descobriu a existência de um mundo além da Filosofia ocidental.

Gregor Samsa nunca mais virou barata, pois quando a solidão apertava, o Facebook o salvava.
A Iracema nos museus retratada, não era a mesma removida mensalmente do local onde morava.

Sísifo virou professor e sentiu saudade dos tempos em que empurrava pedra para o alto de um monte.
Os meninos de "O Senhor das Moscas" se viciaram em seriados, e não perdiam um episódio de Lost.

O homem que matou Getúlio Vargas morreu de desgosto ao saber que os maiores assassinos daqui, não o fazem pessoalmente.
A piada mortal dos humoristas do Monty Python fazia Coringa ter dores abdominais, frequentemente.

Casmurro e Capitú vararam à noite lendo o site do RLi.
Holden Caulfield chorava ao ouvir no MP3 uma música famosa de Rita Lee.

Na estrada para África, Sal Paradise viu sua narrativa hipster se transformar em jornalismo denunciativo.
Ulisses não conseguiu emprego de herói, pois seu estilo épico já estava ultrapassado e cansativo.

Somente V não viu a diferença de onde veio para este cenário paralelo.
Não se sabe se pela quantidade de máscaras suas nos protestos
ou se pelo regime ditatorial vivido nos dois universos.


Vou morar na escuridão para iluminar teu caminho




Carinhoso idoso.
Caridoso.

Multitarefa em tensa idade.
Intensidade.

No leito,
sempre leitor.

Feliz com suas muitas capacidades.
Felicidade.


Veio uma doença que digeria sua condição ativa.
Degenerativa.
Esquecimento.
Eis que cimento.


Venceu a dor.
Vencedor.

Deixou um choro de saudade naqueles em que convivia.
Chovia.

Do alto, refletirá amor, refletor?
Ou poeira estelar viraria,
Po
     es
         ia?



  

Família do B


                             BUÁ
                 BEBÊ            BABAR  
          BABY                             BABÁ
              BEBER            BEABÁ      
                         BARBA



Porre


ALOCO
ÁLCOOL
AO OCO
  L  
       O
U
     C
          O



PM/MP






Quantos milhões em ação?

O mais doloroso não foi ver o número de manifestantes reduzidos em comparação ao ato na Presidente Vargas com mais de 1 milhão de pessoas.
O mais doloroso não foi ver alguns gritarem "Sem violência!" para os manifestantes e se calarem diante da truculência da Polícia Militar.
O mais doloroso não foi notar pessoas no ato que se mostravam favoráveis ao fim da corrupção (como se alguém não fosse!) e enrolados na bandeira do Brasil, bradavam em tons ufanistas e integralistas a favor da Nação, em um discurso esvaziado e despolitizado.
O mais doloroso não foi refletir e perceber que o dinheiro do contribuinte é revertido também em armas letais e de tortura contra o mesmo indíviduo que cobra na ruas, o cumprimento das obrigações que o Estado tem com o povo.
O mais doloroso não foi pensar que parte daqueles que se mostravam a favor do ato, acenando das janelas e piscando as luzes de suas casas, chamariam os mesmos de vândalos e vagabundos após lerem sobre o assunto no jornal ou vissem  na televisão algo a respeito.
O mais doloroso não foi perceber que a mídia tradicional do Brasil deturpa o número de manifestantes nas passeatas e pouco denuncia as arbitrariedades do Estado e da Polícia.
Tão doloroso quanto, foi ver um rapaz dentro do carro do Corpo de Bombeiros com o queixo ensanguentado após ser atingido por uma bala de borracha.
Tão doloroso quanto, foi visualizar policiais atirando em sequência diversas balas de borracha e soltando bombas de efeito moral no meio da multidão, a esmo.
O mais doloroso não foi saber que um policial do BOPE ria e filmava da caçamba de um carro, o sofrimento das pessoas que estavam ali resistindo.
O mais doloroso não foi saber que os próprios policiais se intoxicavam com o gás lacrimogênio 20% mais potente, comprado por governantes que a essa hora riam em casa da desgraça de todos que estavam ali na Tijuca.  
O mais doloroso não foi chegar em casa e ver que no final do jogo a platéia no estádio gritava: "...é lindo o meu Brasil contagiando e sacudindo essa cidade"
O mais doloroso não foi ver Neymar, Fred, Paulinho e Júlio Cesar abraçarem (e um até beijou!) o presidente da CBF, José Maria Marín, ex-ARENA, acusado de desviar dinheiro público e ser um dos incentivadores da prisão do jornalista Vladimir Herzog, morto em seguida nos porões do DOI-CODI.
O mais doloroso mesmo foi ouvir de um prédio pequeno,
de mais ou menos uns 3 andares,
um grito de gol
de algumas pessoas,
indiferentes a tudo aquilo
que acontecia ali embaixo
na Rua São Francisco Xavier.
Isso camarada,
foi o que mais me machucou.


Poesia da contracapa

Óia minha gente!
este livro que lhes ofereço.
Produzido com muito carinho
e sem lhes cobrar nenhum preço.

Fala de samba
tempo e encanto!
Menina de olho amarelo
escultura de areia e até de santo!

Tem poeta professor,
coordenador financeiro e historiador.
Também poeta jornalista
comunicadora social e cientista.

Imagens em preto e branco
e palavras coloridas.
Tudo num livro só.
Mantendo viva a poesia!


Um conto de duas cidades 

Água forte cai do céu,
pois agora, ele está por lá.
Duas matérias
não cabem no mesmo lugar.
Se a água cai para dar as plantas
vida
Chávez sobe,
deixando dignidade
para muita gente sofrida.
Oprimida pelos novos colonialistas
viram no Comandante, a sua voz
contra ruralistas
lobbistas
e entreguistas.

Neste momento,
a dor fustiga
os novos 2 milhões de alfabetizados
venezuelanos.
Na Cidade Maravilhosa,
o descaso do governo
faz com que a chuva
nos provoque grandes danos.

Zonasulistas e suburbanos
do militante ao que se diz antipolítico.
Todos.
Obrigados a mudarem de planos.

Os inimigos de Hugo
por aqui, esbravejam
diante desses acontecimentos
e ao procurarem culpados
por seus tormentos efêmeros
dão de cara com um grande espelho.
Desses que de tão transparentes
são difíceis de reparar.
Só o notam quando
sabem que,
inevitavelmente,
seu feudo se afetará.

Amanhã é dia de sol
e tudo volta ao normal
no mundinho de quem se alimenta de inércia
e não "faz a hora" contra
o governo local.

Amanhã é dia de sol
para a mídia global,
que não nos mostra o que foi Ponte Llaguno
e ri do lamento geral.

Amanhã é dia de sol.
Dia eufórico para o capital.
A água que cai no sudeste do continente
são das lágrimas de um país
que beira a América Central.

A conversão pode esperar
   
Mestre,
te faço um pedido
alonga essa bossa,
que não saia da nota,
mas preciso de um tempo
para essa levada
eu incorporar.
Nada contra teus comandos
nem teus venenos.
É que vem
como um sentimento,
o batuque autêntico
que você comanda.

Se trocares de nota
ficarei atento aos teus gestos
para que tua bateria
continue exemplar.
Mas entenda meu lado.
Não sou eu que toco a música.
É a música que me toca.
Então me dê uns segundos
para que gire meu mundo
com o suingue
que ela me proporciona

Essa levada me entorpece
vira minha alma do avesso
faz com que muito apreço
chame alguém para brincar.
Grave ou agudo
Caixa, agogô e surdo!
Venham
com o tamborim, conversar!
  
A simbiose       

 

O cheiro que
incomoda,
impregna
é o do cigarro.
Odor
abjeto
que me tira do sério.

Como podes tú,
com simples movimentos
dos braços ou dos cabelos
gerar aroma tão doce
que ao se confundir
com tais fumaças gris
transforma-se no mais longo sopro da Princesa Primavera?

É confuso
porque sabendo que fumas
meu cérebro já me direciona a ter asco do que está por vir
mas, por sair da tua boca
obrigatoriamente,
gotículas de mel vão de encontro a essa massa de ar cinza.
Desse jeito, a fumaça da cigarrilha
ao chegar nas minhas narinas
se encontra amarela, amarelinha.
E me sinto perplexamente agraciado.

De cinza, nublado
à amarelo ensolarado.
Como podes,tú?

É estranho
pois, é uma sensação de desprazer atraente
Meu olfato ainda percebe o tabaco,
mas ele está envolto pela sua fragrância.
O que me provoca curiosidade
e assim,
busco de forma incessante a origem desses inebriantes ares.

Quando as sereias cantaram:
"Venha para perto!"
Ulisses passou incólume a tentação da hipnótica canção,
por estar amarrado num mastro por seus marinheiros.
Ao te inspirar juntamente com o cigarro,
não quero mais ouvir ninguém dizendo:
"Cuidado! Cuidado! Não estás apressado?"
Entorpecido pela intensidade do seu ser,
jogarei-me de braços abertos
no reinado azul
da sereia que cativa os meus cinco sentidos.


A democrata cristã

As pessoas estão cada vez mais individualistas! 
  Onde esse mundo vai parar? 
pensou Fabíola Evangelista,
num domingo
em que saíra com seu cachorro de coleira
e focinheira para passear.



Os meninos dos sorrisos fáceis

Dois meninos.
Muitas figurinhas.
Sintonia, amizade, diversão.
Brincam de virar cartas.
- Tio, quem falou primeiro?
É o que perguntam a mim
a fim de descobrirem quem começa a próxima jogada.

Só me resta admirar os dois pequenos mestres.

Disputam o privilégio de virar as cartas com as duas mãos
numa batalha argumentativa de chamar atenção.
Tento me inserir no contexto
como um fã aficionado por seu ídolo, ao vê-lo em ação.
Pergunto a eles
se sabem o motivo dos números pares saírem com maior frequência do que os ímpares
numa disputa de par ou ímpar.
Quem me responde é o desprezo.
Naquele pequeno universo composto por dois espíritos desprendidos
pouco importa as ciências exatas ou o racionalismo dos "tios".

Só me resta admirar os dois pequenos mestres

Enquanto perco tempo refletindo sobre erros do passado
eles aproveitam
criando, agindo e sorrindo no tempo presente.

Por isso, vivem!
Por riso!

O futuro?
Chegará no seu tempo.
Não se preocupam.
Não pensam ainda que o tempo da diversão da tarde,
pode ser o período que faltará no futuro 

Por isso, vivem!
Por riso!


O prisioneiro

Estou em regime semiaberto.
No confinamento
chego cedo e
recebo cumprimentos dos fiscais com um sorriso de canto de boca.
Na refeição, o básico.
Não tenho direito a bebida.
Todavia, os comandantes e seus agregados sempre arranjam, de maneira escusa, um suco ou refrigerante.
Trabalho na prisão embaixo de um sol escaldante.
Daqueles que só o Rio de Janeiro sabe proporcionar.

Ser obrigado a ficar em um mesmo lugar por muito tempo prejudica o meu estado emocional.
Tenho vontade de me mexer,
quero pular, correr
e não mais me manter na "postura adequada" do recinto.
Mas não posso.
Subverter essa demarcação significaria não ganhar os benefícios que amenizam
[sussurro...]
(mas não cessam!)
os meus sofrimentos,
quando retorno para casa.

Numa sexta-feira à noite, exercendo meu direito de liberdade parcial,
fui para a moradia de minha mãe
que já idosa e visivelmente afetada
com todos os acontecimentos decorrentes
me recebeu com um beijo amargo e desesperançoso.
Acompanhei-a ao seu quarto e vi
uma TV de 29 polegadas com LCD e LED, ligada no famoso jornal das oito horas.
Um apresentador com feições de ator hollywoodiano noticiava que uma rebelião
estava acontecendo, naquele exato momento, na capital financeira do país.
Os presos reivindicavam melhores condições de higiene no presídio e
um tratamento mais digno dos guardas e carcereiros, principalmente nas horas de trabalho forçado.
Parei por um instante e refleti:
"O quão difícil deve ser a vida de um presidiário!"


         Encontros



Também conheci Dean Moriarty assim que meu pai morreu.
Diferente de Jack, o encontro se deu antes da morte fisica do velho,
um pouco depois da chegada de Al e Park.
Foi um encontro estranho porque eu não pedi pra conhecê-lo.
Ele simplesmente apareceu
e já foi se sentindo à vontade.
Eu fui tomando suas caracteristicas e ele, as minhas.
Dean me ensinou a dizer mais "nãos".
Alertava-me sobre a prestatividade dada por mim
a quem se aproximava com o intuito de me ludibriar.
E me mostrou a importância em ser rude, ocasionalmente, para proteger meus valores.
Ele costumava bater no meu rosto e dizer:
- Até quando você vai obedecer a tudo e a todos?
- Vai seguir à risca a vida que os outros desejam para você?
- Quando vai viver seus sonhos, seu otário?!
O hedonismo era o seu norte.
Me transformei assim, num errante
como Quixote
e usava como estrada,
minha própria utopia.
Comprei seus argumentos
e passei a repudiar os caminhos traçados pelo homem pós-moderno,
que procura o conhecimento desejando status e não como um alicerce para a transformação social.
Busca somente o papel dado
no final dos cursos estipulados
como essenciais na vida de um indivíduo bem-sucedido.

Mas algo ainda me incomodava nele.
A rebeldia sem causa de um utilitarista não me enchia os olhos.
Por isso, nos despedimos no final do verão de 2012,
mesmo com Dean inconformado com meu adeus.
Atravessei a rua e me apresentei à Marighella.

     

      Modinha

          


Em tempos de exposição,

só quero uma grande repercussão

que a citação

procurada com desmazelo num site de buscas,

provoca

naquele que como eu,

não está preocupado com o saber,

Mas sim em parecer, ser

culto, erudito.

Se Machado ou Jorge Amado

fazem aniversário de morte

espero ter sorte

de mencionar alguma frase do finado

que ninguém tenha postado,

e seja assim, elogiado.

Não me dou ao trabalho de ler.

Só digito

Ctrl+C
Ctrl+V.
Pouco importa as 700 páginas de Crime e Castigo.
Não dou a mínima para Antologias poéticas
e biografias longas.
Quero o prático, o rápido
Que me dê retorno imediato.
É o suficiente
para impressionar meia dúzia.
Agora, só não me peça pra desenvolver
O assunto que comecei
Só me privo em dizer: - “Eu sei, eu sei!”
E não o que sei.


        Breu

 

Uma vez
quis entender
porque o escuro para as pessoas
é um não-querer.
Se um dia inventaram
que o branco simboliza o que é bom
e preto, o mau
fica fácil entender
porque a degradação do negro em nossa sociedade
é algo tão banal.
Mas o foco dessa poesia é o breu que se apresenta
antes de cairmos nos braços de Morfeu.
A insegurança e a melancolia
que angustia
se dão no apagar das luzes,
pois é o momento em que
mesmo de olhos abertos
só vemos nosso interior.
Numa sociedade
em que a inércia impera
perante a miséria
a culpa é o que resta.
E, assim, o escuro é o que se detesta.


    A fábrica secreta de molas




Não é simples de se achar.
Nem fim de arco-íris é tão fascinante quanto este lugar.
Lá não se mora,
mas há vida.
As religiões se apropriaram da energia local para consolidarem seus impérios.
Consome-se dali uma força inigualável,
fazendo com que pessoas tomem medidas impensáveis até então.
A magnitude da energia nativa
faz com que não seja díficil retirá-la,
já que seu ímpeto é se exteriorizar.
O que não quer dizer que todos consigam.
Alguns dizem que ela é composta de chamas da Fênix.
Outros cravam, sem pestanejar, que ela se localiza no coração,
mas acredito que não.
O coração só possui 12 centímetros de comprimento por 9 de largura.
O que sinto não cabe em um lugar desses.

  
      Praia do Son(h)o




O cenário é perfeito.
Praias paradisíacas,
Dias ensolarados,
Companhias agradáveis,
Nativos acolhedores.
Anseio pelo momento de refletir em um feriado tão intenso.
Ficar sozinho e degustar todos os fascínios
que este pedaço de terra cercado de alteridade me propicia
era o que desejava.
À noite, quando voltava de uma caminhada entre amigos,
forçosamente,
me coloco para atrás.
Espero a epifania ...
Fecho os olhos, e o que explode dentro do meu peito
é a angústia,
o lamento.
Quando o sonho de um turista do Sono é ver
seus irmãos menos abastados em todo Brasil,
desfrutando daquele momento em conjunto,
percebe que a vida com olhos abertos é diferente daquilo.
A realidade mostra que só os culturalmente capitalizados detém esse privilégio.
Quero compartilhar com os mais humildes
a magia natural que sinto no ar,
e que não é provocada por substâncias,
mas sim por sentimentos.
E foi assim, que por incrível que pareça,
me torturei no paraíso.



   Cordeiro de Deus

Se o senhor é seu pastor,
não se surpreenda
se o compararem com um cordeiro.

       

   Aceito, porém triste. 

Tenho tanto amor pra dar ao mundo
que guardo pouco pra mim.
O que me sacia realmente
é ver os outros embebidos pela minha paixão de viver,
achando significados existenciais dentro de minhas frases.
Pra mim, só guardo fantasias.
Dar amor é mais fácil que ser amado.
Só de imaginar que ter alguém remete a sofrer
faz com que me infiltre em outras vidas,
e assim saio delas
na hora que bem entendo.
Escrevo poemas, faço arte, conto estórias,
me invento criança,
mas quando o assunto é se arriscar no amor:
evito-os.
Que o leitor não se assuste com o plural,
visto que num planeta de corações resfriados
meu simples olhar de interesse no que tu me dizes
já te cativa.
Eu tenho tempo para suas bobeiras, que a mulher-etiqueta não tem.
Já fui cortada internamente por flechadas que não atingiram o alvo
e rasparam as bordas do meu coração, deixando feridas que não se fecham.
Por isso, aceite meu amor passageiro.
Se for acertada por mais umas dessas setas, tenho chances de perder toda a substância vermelha
que para muitos é sangue e pra mim é a paixão.



         Soneto do Chico

Ser forte não é apenas superar obstáculos.
É vencê-los, rindo.
Comparando o eficaz com o espirituoso, separo o joio do trigo.

Alguns tem o mesmo status.
Poucos o seu humanismo.
Comparando o eficiente com o imprescindível,
separo o joio do trigo

Pensamento rápido, humor ácido,
inteligente, satírico.
Comparando o bobo com o agradável,
separo o joio do trigo

Aproximo-me de gente assim,
que constrói com boniteza seu próprio destino
Olho para o lado e sorrio. Separei bem o joio do trigo.



    Aquela que vem do mar
              
   

No meu dicionário
amizade
começa com a letra M.
Digo
e repito:
- com M, não m.
Nosso carinho fraternal é maiúsculo.
Substantivo próprio.
Único.

A epifania sentida
ao se aproximar de sua energia (ria!)
contagia.
Impressiona aqueles que acostumados com formalidades
esquecem que o grande barato da vida
é dançar com ousadia
brincar com euforia
conviver com simpatia.

Esta meNina sente a vida
As vezes com excessos, as vezes não
Que importa?
Viver é tomar partido
E isso tu fazes com maestria.

Tu és sentimento, emoção
não razão.
Coração largo que abriga quem se aproxima
Obrigado por existir Marina!


      Autocrítica

 

Meus heróis sofreram ou
morreram por mim
porque viveram.
Eu vivo por mim
porque existo.

  A quadrilha antidrummoniana


Políticos roubam dinheiro do erário
prejudicando assim o universitário
que faz greve
exigindo melhor salário
atrapalhando na escola, o horário
do estudante
chamado de otário
por acreditar que o mundo pode girar ao contrário
se ele estudar como se trabalha um operário
para a mudança brasileira de itinerário.

O político enriqueceu,
o universitário enlouqueceu
com a realidade que percebeu.
A busca de conhecimento pelo estudante, feneceu.
As verbas públicas são gastas por Brian .
um yuppie que não liga para o que é meu nem seu
e que não tem nada a ver com a história
e está longe desse Brasil que deus te deu.


        Soluços

Não reclame!
Viva.
Intensamente, loucamente.
Como se o último dia fosse amanhã.
Porque em um segundo qualquer,
o absurdo da vida te pega.
Desprevenido.
e você percebe o quanto era pequeno
reclamar de problema efêmero
que se tira de letra
simplesmente sorrindo.


  A abridora de latas

Pense em um lugar onde só os regrados sobrevivam
Em que o "algo" supere o "alguém"
Não dando espaços para fantasias
Se te acharem no quarto, exaltando supérfluos como
Esperança, amor, multiculturalismo e solidariedade
os retirarão
um
por um
pois isso não faz a esteira se mover
a esteira do progresso
a esteira fria do capital
a esteira que não pode parar nunca
e você que usa a loucura como razão
para não encontrar razão nesse tipo de vida
sofre
mas no fundo ri
daqueles que são iguais as esteiras que os movem.
   


  Extraio a positividade do paradoxo




Correr na praia
é como viver a vida.
De um lado para o outro
sem uma demarcada trilha.

Obstáculos mil:
as pessoas na frente,
o tempo,
o vento
e da água, o frio.

Mas tiro forças a todo momento:
das pessoas em frente,
do tempo,
do vento
e do frio líquido.

Como na vida,
ultrapasso barreiras
bem-intencionando
meu ponto de vista.

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